Migrétil
Já aqui escrevi que sofro imenso de enxaquecas, e elas são diárias. O único medicamento que consegue tirar as horríveis dores é o Migrétil.
Da última vez que comprei uma caixa de Migrétil, em PT, tive uma desagradável surpresa por parte do farmacêutico. A minha farmácia, aquela que todos me conhecem, estava fechada às 23 horas, e a outra estava de serviço. É habitual a venda deste analgésico (que mais não é que uma mistura de cafeína com paracetamol), nas farmácias. Sempre o comprei, e nunca houve objecções, mesmo em farmácias onde não sou cliente habitual.
Nesse dia, o azar bateu-me à porta. Estava mesmo cheio de dores e com um aspecto... ui.
O farmacêutico, armado em parvo, disse-me que o Migrétil só se vendia mediante receita médica. Retorqui com os argumentos referidos em cima. O homem disse-me que não era cliente habitual, e por isso, não mo podia vender, e ainda por cima, afirmou ele, ignorantemente, que não me conhecia e não vivia em Loures. Como pode ele conhecer centenas de milhar de habitantes de Loures. Não queria vender. Lá lhe disse que era residente em Loures, e que costumava ir lá, sempre que a outra farmácia estava fechada, e que outra que existe em Loures também me vende o medicamento sem receita médica. Olhou para mim - estava a suar e com os olhos vermelhos -, e deve ter pensado que eu era um junkie.
Virei-me para ele e disse que não compreendia, afinal, até eu podia fazer o medicamento em casa, bebendo café com aspirina. Não façam isso, que arrebentam com o estômago. Disse-me: "então vá fazer isso".
Argumento final: mostrei-lhe a lista de medicamentos que estou a tomar, aquelas guias passadas pelos médicos, onde consta que tomo o Seglor - R, para o tratamento das enxaquecas. O homem viu, olhou muito atentamente para mim e para a lista e começou a tratar-me como coitadinho, como doente mental. Isto é sério, um gajo passa-se com estas atitudes. E são medicamentos necessários para doenças crónicas, de que realmente necessito, como a asma, a enxaqueca e a bipolar. Não gosto é daquela atitude complacente: coitadinho, este é maluco e devia estar era internado no Júlio de Matos. Deu-me vontade de o esganar!
Mesmo assim, não queria vender o fármaco. "Ouça lá, por favor, tem aqui o meu B.I., o meu cartão de livre trânsito, pode ficar com os meus dados". Aqui o homem quase que fazia continência quando viu que eu podia entrar em qualquer sítio público e podia usar arma sem licença. Obviamente, que sou contra as armas, e nunca a usei. Deixei de utilizar esse cartão, assim que me desvinculei da f. pública, e entreguei-o de imediato. O certo é que o homem mudou de atitude. Já não era o coitadinho, passei a ser a autoridade. Confundem muitas vezes o cartão de livre trânsito usado por magistrados, conservadores, notários, oficiais de justiça, e outras profissões jurídicas integradas no Ministério da Justiça, com o da P.J., que é completamente diferente.
Mesmo assim, o senhor em causa só mo vendeu após retirar todos os meus elementos e pedir que eu levasse a receita para o reembolso. E, para eu andar sempre com uma cópia de receita onde constasse o Migrétil e o Ventilan, pois poderia suceder novamente aquele tipo de situação.
Está bem, oh melga! Vocês entregaram? Eu não.
Esta estória toda serve para demonstrar a discriminação que existe ainda na nossa sociedade, e o estigma, que nós, portadores de doenças crónicas sofremos. E o culto da aparência.
Ah, a enxaqueca, passou.
doenças crónicas
Da última vez que comprei uma caixa de Migrétil, em PT, tive uma desagradável surpresa por parte do farmacêutico. A minha farmácia, aquela que todos me conhecem, estava fechada às 23 horas, e a outra estava de serviço. É habitual a venda deste analgésico (que mais não é que uma mistura de cafeína com paracetamol), nas farmácias. Sempre o comprei, e nunca houve objecções, mesmo em farmácias onde não sou cliente habitual.
Nesse dia, o azar bateu-me à porta. Estava mesmo cheio de dores e com um aspecto... ui.
O farmacêutico, armado em parvo, disse-me que o Migrétil só se vendia mediante receita médica. Retorqui com os argumentos referidos em cima. O homem disse-me que não era cliente habitual, e por isso, não mo podia vender, e ainda por cima, afirmou ele, ignorantemente, que não me conhecia e não vivia em Loures. Como pode ele conhecer centenas de milhar de habitantes de Loures. Não queria vender. Lá lhe disse que era residente em Loures, e que costumava ir lá, sempre que a outra farmácia estava fechada, e que outra que existe em Loures também me vende o medicamento sem receita médica. Olhou para mim - estava a suar e com os olhos vermelhos -, e deve ter pensado que eu era um junkie.
Virei-me para ele e disse que não compreendia, afinal, até eu podia fazer o medicamento em casa, bebendo café com aspirina. Não façam isso, que arrebentam com o estômago. Disse-me: "então vá fazer isso".
Argumento final: mostrei-lhe a lista de medicamentos que estou a tomar, aquelas guias passadas pelos médicos, onde consta que tomo o Seglor - R, para o tratamento das enxaquecas. O homem viu, olhou muito atentamente para mim e para a lista e começou a tratar-me como coitadinho, como doente mental. Isto é sério, um gajo passa-se com estas atitudes. E são medicamentos necessários para doenças crónicas, de que realmente necessito, como a asma, a enxaqueca e a bipolar. Não gosto é daquela atitude complacente: coitadinho, este é maluco e devia estar era internado no Júlio de Matos. Deu-me vontade de o esganar!
Mesmo assim, não queria vender o fármaco. "Ouça lá, por favor, tem aqui o meu B.I., o meu cartão de livre trânsito, pode ficar com os meus dados". Aqui o homem quase que fazia continência quando viu que eu podia entrar em qualquer sítio público e podia usar arma sem licença. Obviamente, que sou contra as armas, e nunca a usei. Deixei de utilizar esse cartão, assim que me desvinculei da f. pública, e entreguei-o de imediato. O certo é que o homem mudou de atitude. Já não era o coitadinho, passei a ser a autoridade. Confundem muitas vezes o cartão de livre trânsito usado por magistrados, conservadores, notários, oficiais de justiça, e outras profissões jurídicas integradas no Ministério da Justiça, com o da P.J., que é completamente diferente.
Mesmo assim, o senhor em causa só mo vendeu após retirar todos os meus elementos e pedir que eu levasse a receita para o reembolso. E, para eu andar sempre com uma cópia de receita onde constasse o Migrétil e o Ventilan, pois poderia suceder novamente aquele tipo de situação.
Está bem, oh melga! Vocês entregaram? Eu não.
Esta estória toda serve para demonstrar a discriminação que existe ainda na nossa sociedade, e o estigma, que nós, portadores de doenças crónicas sofremos. E o culto da aparência.
Ah, a enxaqueca, passou.
doenças crónicas
Etiquetas: J.P.
14 Comentários:
sei bem o que isso é......
a situação repete.se....tb disse o mesmo q misturava parecetamol com café....but....o farmaceutico achou ...........não achou.....espantou......
comigo é o migraleve.....
agora ando sempre com uma receita na mala...enfim.....afinal custa menos comprar .........sei lá...pó.......enfim......
melhoras
O migraleve. Quando tudo começou, aos 23, havia isso. Deixava-me mal-disposto. Depois, disseram-me que tinha sido colocado fora do mercado, e substituido pelo migretil; ainda bem, aquele comprimido côr de rosa deitava-me mesmo abaixo.
Obrigado e as melhoras :)
Beijinho.
Se é habitual a venda de Migrétil sem receita médica não o deveria ser, uma vez que este medicamento é sujeito a receita médica por não ser "uma mistura de cafeína com paracetamol", e sim uma mistura de ergotamina, paracetamol, beladona, e cafeína e, como tal, por possuir alcalóides na sua composição ainda bem que é sujeito a receita médica. Assim sendo, também não é verdade que pode fazer o medicamento em casa, bebendo café com aspirina, pois só estaria a ingerir cafeína e ácido acetilsalicilico.
O farmacêutico agiu bem em não lhe querer dispensar o medicamento sem receita, porque uma vez sendo sujeito à mesma, aquando de uma fiscalização poderia ser prejudicado por não ter receita que justificásse aquela venda.
Beladona e ergotamina é um bocadinho diferente de só cafeina. sou farmacêutico e teria agido exactamente da mesma forma que o meu colega (muito bem) agiu.
Mas se o amigo gosta de se armar em vítima força. Acha mesmo que são os farmacêuticos que descriminam doentes crónicos? Amigo, toque-se.
E se vocês fossem para o oculista e ler e estudar português? Sabem o que é ironia e interpretação autêntica?
Foi isso que eu fiz.
cambada de anónimos covardes burros.
Curioso, encontrei este blog porque o meu marido está com uma crise aguda. Tanto Migraleve como Migretil fazem parte da minha farmácia de casa, sempre, sem excepções. Curiosamente nunca comprei estes medicamentos com receita nem nunca esta me foi pedida em lado algum... Ora quer onde vivo (Porto) quer em Lisboa, Gerês, Viana do Castelo... etc etc nunca me pediram receitas.... claramente foi um caso de muito má vontade....
Eu acho que foi um caso de profissionalismo e cumprimento da legislação...
A mim nunca me venderam migretil sem receita médica, acho que se conhecerem a pessoa e já saberem que a pessoa toma esse medicamento é que o vendem.Eu sofro de enxaquecas e tomava os da minha mãe, e continua ser assim, quando a minha mae compra, dá-me metade da caixa para eu ter em casa...
Boa Tarde, procuro sem sucesso o medicamento Migrétil, onde poderei encontrar?
Infelizmente, acabei de ser informada que deixaram de produzir o Migrétil :(
Ainda hoje em Leiria disseram-me que deixaram de produzir o Migretil...mas não acreditei e na Marinha Grande disseram que não era verdade e aproveitei para comprar 2 caixas que para mim dá para tomar perto de 1 ano pois só preciso de tomar cerca de 2 vezes por mês e só meio comprimido ,mas é um alívio certo.
Idem.. Hj fui eu q fui apabhada de surpresa.. Ontem tive uma crise q me levou is ultimos 2 migretil! Fikei stressada fui logo hj comprar antes q ficasse no estado intoleravel de dores e vomitos q todos sabemos e antes q tivesse de faltar ao trabalho,qd chego la o farmaceutico pede.me receita! Nada...
Bom dia, vi o seu post quando estava a confirmar se ainda vendem migretil em Portugal (actualmente vivo na Italia)...antes de tudo, compreendo perfeitamente a sua situacao, desde pequeno que sofro de enxaquecas fortissimas...antes, tomava o avamigran mas deixaram de fabrica-lo...mais tarde, passei a tomar o Migretil, que, como diz, e' otimo para as enxaquecas....queria so' fazer algumas observacoes: o Migretil nao e' paracetamol com cafeina, o principio activo mais forte e'a ergotamina, um vasoconstritor (as enxaquecas sao, muitas vezes devidas ao aumento do fluxo de sangue para o cerebro e a ergotamina age de modo a reduzir o diametro dos vasos sanguineos, diminuindo assim o fluxo de sangue...tambem tive esse problema nas farmacias, de nao me quererem vender o Migretil....geralmente, faco cara de ingenuo, pronuncio mal o nome do medicamento (tipo Migratil ou afins) e digo que e' para a minha mae, que ja' o toma ha' algum tempo; se pedem a receita, digo que vou busca-la e depois volto, mas como geralmente querem vender (uma farmacia e' sempre um negocio...), acabo por nao ter problemas...na Italia, e penso que em Portugal tambem, ha' um tratamento para as enxaquecas, baseado na injeccao de toxina botulinica em determinados pontos da cabeca, ombros e pescoco...o objectivo e' relaxar aquelas areas, impedindo que os vasos sanguineos se contraiam...cada sessao e' feita de 3 em 3 meses e estou bastante melhor, se bem que nao e' eficaz a 100%...para finalizar, queria avisa-lo que a ergotamina/Migretil provocam dependencia e como tal, aumento das enxaquecas, o meu medico aqui passou-me um tratamento com outros medicamentos durante 2 semanas para fazer o "desmame" do Migretil antes de iniciar o tratamento com a toxina botulinica...se e' interessado, procure na internet ou fale com o seu neurologista, posso dizer-lhe que melhorei bastante. Abracos e as melhoras para as crises de enxaquecas
É mais isso sim. É preciso receita médica , mas no meu caso , sou cliente habitual da farmácia teme vendem. Mas compreendo quem não queira vender.
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