Conheci-a numa reportagem de um jornal espanhol. Qiongma poderia ser apenas mais uma chinesa de meia idade, que reside com o filho e o pai idoso, um médico "reeducado" pelo regime maoísta, num apartamento minúsculo e bafiento de Pequim.
Mas não é. Ninguém fala nela, não há fotos dela na internet. Qiongma traz no dedo um anel sumptuoso com séculos de história e tem em casa um dragão de jade valiosíssimo, que o pai conseguiu enterrar quando Mao chegou ao poder e que sobreviveu a anos de repressão. Tem também a árvore genealógica da família, onde reina a sua antepassada Cixi. Sendo ela a quinta geração de descendentes desta imperatriz, é a última princesa chinesa, pois considera-se que a sexta geração já não tem pureza de sangue. Estas são as únicas heranças que restaram de um monumental império.
Mais alta do que o comum, dotada de uma inteligência excepcional, Qiongma passou de calar as suas origens a ser uma "convidada decorativa" que fica sempre bem na alta sociedade chinesa. Está na moda ter uma amiga princesa. Apesar disso, aquela que poderia ser a mulher mais poderosa do mundo foi abandonada pelo marido. O amor não conhece aristocracias.
Como não pode governar o país que vai governar o mundo, Qiongma escreve guiões de televisão e cinema - duas formas diferentes de controlar a realidade. Sonhos de alienação, digo eu.
3 Comentários:
"Yash.", para além da excelente tradutora que és, nunca ponderaste a séria hipótese de seres jornalista?
Acumular as duas "coisas", p. ex?
mas... mas jornalista...? eles parecem-me sempre tão frios e oportunistas (como os fotógrafos de guerra).
escritora da linha dura, isso é que era!
^^
Eu até gostava de ser jornalista. Pronto, ou escritora de linha dura. Enfim, essas coisas todas. Para já, traduzo ;)
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