Uma era bela, loira, alva e bondosa. Era afável e alta, esguia e amiga das crianças e dos pobres. Fazia-se amar pelos espelhos. Vestia-se bem e devia cheirar ainda melhor. Tinha um toque de rebeldia que enamorava as conterrâneas, que sonhavam com o seu conto de fadas e o seu porte de princesa de outros tempos.
A outra amava os cavalos. Tanto que as feições se foram tornando equinas, e dizem as más línguas que o cheiro também. Não era loira nem bela; tinha cabelos crespos e de cor indefinida. Dizia palavrões numa voz roufenha. Nada do que vestia lhe assentava bem, e não era culta nem requintada.
Contudo, ele amava-a. Não a primeira, mas a segunda, contra um matrimónio arranjado, contra a própria família, contra uma nação inteira e mesmo um mundo cor-de-rosa que reclamava a imagem endeusada da primeira.
Mas ele amava aquela que não tinha encanto. Talvez porque ela fosse genuína, e o anjo louro não passasse de uma boneca de porcelana que por vezes corava.
Amava-a a tal ponto que há-de fazer dela a sua rainha. Custe o que custar. Por cima da imagem da própria perfeição, há-de vencer a humanidade da mulher simples que ele nunca esqueceu. A mulher que, tal como ele, era imperfeita, e cujo nariz adunco competia com as suas orelhas de abano. Aquela talvez com quem ele se sente irmanado, ele, que tão pouco tem a ver com o anjo louro e belo, porque é torpe e desajeitado.
A perfeição de Diana de Gales comprou-lhe o mundo, mas não o amor de um homem. Esse, doa a quem doer, há-de ser sempre da mulher que poderia perfeitamente ser a sua antítese de perfeição.
Para pensar.
1 Comentários:
Amava-a tanto que conseguiu destruir a Monarquia Britânica. Se não fosse a morte de Diana, não teria sido alterado o Estatuto Real, e agora Camila pode mesmo ser Rainha em detrimento do "primogénito".
Com a morte dela, em pleno Séc. XX, a Inglatera atingiu, finalmente, a igualdade entre os sexos. Foi mesmo a Princesa do Povo.
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